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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Tardes de Outono

Amena, levemente soprada num fio fino de frio que corta ao entardecer a luz filtrada, olho pelo embaciado do vidro o Outono meigo que me recorda outros outonais tempos em que o estalar das folhas de cor barrenta se envolviam em ondas junto aos tornozelos.

Meias pelo joelho. Saia de xadrez, pasta da escola às costas, cinco pedrinhas. Histórias de encantar. Corridas de gelar o nariz, lágrimas a perderem-se no cabelo, joelhos esfolados.

Tanta correría para chegar aqui a esta tarde de Outono em que os sons chegam pelo eco da memória e as vozes dos meus queridos ainda me tocam ao de leve no sopro dos segredos para vestir o casaco que agora esfria... Não tenho frio, só tenho saudade.

Do paladar das castanhas assadas, descascadas e dadas à boca a ouvir lá fora as primeiras chuvas que lavavam num cheiro bom a terra vaidosa de tanto estio atingida.

Tinjo na lembrança um gole de vinho, uma saudação a todas as boas tardes pardas e de relógio parado pelos Outonos que tenho tido. Preciso desta nostalgia bucolica de passeios pela alma dourada que o verde já se foi, um fado ouvido ao longe, o destino de todos os outonos me despirem de risos, abrandarem o bater do coração e preparar-me calma mas forte para a próxima estação.

10 comentários:

samuel disse...

"Corridas de gelar o nariz, lágrimas a perderem-se no cabelo"

Que bela memória! Foi como se as sentisse e saboreasse.

Gasolina disse...

Samuel,

Muito obrigado pelo retorno.
É bom saber que as palavras fazem eco no sentir.

SONY disse...

Anda vem daí...dá-me a mão que mesmo fria e sem frio também o coração arde de saudade, de tempos passados...tão mais pobres materialmente...e tão mais ricos em valores!
Ainda me lembro das saias de pregas ao xadrez da cor da nossa bandeira nacional.
Luvas de lã e gorro a tapar as orelhas do frio...já o nariz, esse gelava!
Nas manhãs ao abrir a porta dizendo um adeus aos pais, um bafo gelado me congelava o nariz, de pasta nas costas (aquelas com duas fivelas:-))lá ia eu gelada mas feliz...na estrada de alcatrão eram raros os carros, a procura do verde era constante debaixo de uma camada de gelo...encontrava-a sempre, a procurada "relvinha" num cantinho ao lado do grande portão da escola...ficava feliz, dia após dia, cada vez que ali chegava e eram tão simples e grandes as razões para tal, eram CONQUISTAS:
Tinha chegado ao destino;
Acabara o frio e o nariz gelado;
Era hora de aprender.

Também a mim destes tempos me restam saudades!
Um beijo, fazes-me reviver momentos bons da vida...em que tudo era tão inocente, tão pobre e tão rico, tão puro!

Quando me lerás?
E que estás tu neste momento a fazer?:-)

Sorri, deixa o coração bater forte, pois a próxima estação é linda!

fica com Jesus!
Sony a formiguinha :-)

"Tanta correría para chegar aqui a esta tarde de Outono"...

Ainda bem que corremos...para hoje estarmos aqui!
Nunca pares de correr!!!

ASPÁSIA disse...

O SABOR DO OUTONO NA RENTRÉE ESCOLAR ERA DIFERENTE!
TEMPOS EM QUE O ENCANTAMENTO DOS SABORES E DAS CORES TINHAM OUTRO IMPACTO NOS NOSSOS SENTIDOS ADOLESCENTES...

BEIJO OUTONIÇO...

MBSilva disse...

Que saudades!!!!

É bom tê-la de volta! E vejo que cheia de força... Com raízes (ainda) mais fortes.

Aqui virei, sempre!

Beijinhos grandes!

Gasolina disse...

Formiguinha,

Não tenho nada de novo para te dizer.
Cresceste.
Cresci.

Aceita um beijo meu.

Gasolina disse...

ASPÁSIA,

BELOS MOMENTOS OS DA RENTRÉE, NÃO?

AI, AI, QUEIXAVA-ME EU DE BARRIGA CHEIA E ACHAVA QUE TINHA PROBLEMAS...

BEIJO AMIGA DESTE JARDIM

Gasolina disse...

MBSilva,

Minha Madrinha querida.

Obrigado por todos os bocadinhos.

Um beijinho, saudades.

AC disse...

Bonito

"Meias pelo joelho. Saia de xadrez, pasta da escola às costas, cinco pedrinhas. Histórias de encantar. Corridas de gelar o nariz, lágrimas a perderem-se no cabelo, joelhos esfolados.
Tanta correría para chegar aqui a esta tarde de Outono"


Beijo

Gasolina disse...

Dias,

E tu aqui comigo.

Beijo.