O céu está perturbadoramente azul-tranquilo, na carteira agitam-se as palavras aquecidas entre páginas apertadas do caderno a par com o metal das chaves e a sujidade do dinheiro, cada passo, cada corrida misturam o horizonte e nem mesmo assim a aproximação ao alto que parece tão limpo e tão fácil de alcançar se chega mais perto e bafeja de fresco o que arde em combustão lenta e silenciosa nos pensamentos rubro-cinza.Teimosamente, o dia há-de continuar apostado nessa cor, desinteressado que a noite já se tenha posto nas palavras do peito - as ditas, as escritas e as de consumo pela labareda sem se ver - e quando enjoado da monocromia quiser trocar com a noite de profundo, há-de haver no peito uma vontade de perturbação de azul-claro, a limpidez do desejo de ser dia de novo, de correr e escrever nas páginas palavras que saram queimaduras, chegar a casa quando o coração se aquieta na linha que separa as duas metades do céu e do homem.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...