Entrou e dirigiu-se ao canto da sala, pousou a pequena toalha, os cd's, a joelheira e o pé elástico, dobrando-se pendente o torso pela cintura com os anéis vertebrais a estenderem-se por etapas, pernas hirtas, pés afastados à largura dos ombros.
Chegou a tempo, chegou adiantada, ainda não há cheiro de gente nem de música nem de dores de cansaço nem se multiplicam as imagens nas gotas de suor dos espelhos, só ela adiantada, só ela a comer o chão medindo o perímetro a passos largos nas nádegas apertadas e nas mãos cravadas na bacia, olhos baixos, o respeito obriga-a a não encarar a figura de cello que mantém ao longo dos corredores que vai desenhando cada vez mais veloz no labirinto das lembranças.
E depois lá: Ela atirada à imagem de negro, voile de saia que mexe depois de estática no combate do rosto, da linha dos braços compridos, do branco da pele do pescoço cavado no V do fato apertado nas costelas, nos mamilos e no esventrado das costas pontilhados de sinais. São marcos, são pelourinhos, são ferros que a queimaram de outras nascenças em que morreu por cada vez que se arrepiou, não são sinais, não são.
O reflexo grita atreve-te e ela abre os braços, as pernas de compasso desafiam a gravidade do instante, piruette, dupla, renversée, a tontura, o enjoo, a imagem, as imagens fragmentadas em muitos eus, muitos ela, ácidos venenosos, mancha de regresso, a imagem engole o figurino e o grito sai para dentro! Bem vinda, como demoraste a voltar.