Perfiladas como um cordão branco, sentinelas, o nevoeiro não deixa alcançar mais que prédios, a queda para o traçado das ruas, elas esperam, não há rio que se veja e donde se diga que elas vieram dele, que é meu, dentre este regimento aprumado confunde-me a faladora e não a distingo.
A uma ordem sai uma e depois outra e vão-se todas.
Rompe o sol.
As gaivotas tão bem comportadas de há momentos brincam no ar, soltam gritos gargalejados da liberdade permitida, sigo-as até entontecer nas voltas afastando os restos de fiapos do nevoeiro, dois pardais vêm debicar coisas invisíveis no chão acimentado do terraço, dois montinhos de penas numa poça de sol, cumprimento-os e esvoaçam para outra distância.
Persigo a vontade de meter conversa, novos diálogos, destes nunca houve oportunidade mas a tentativa leva-os de vez como um risco rápido a cortar uma folha, não de mim que fogem mas do bando terrível que em regresso aterra ao espaço que tomou como seu, avanço e encaram-me de asas abertas.
Agora entendo o silêncio dos pardais.
Encosto os joelhos ao muro e deixo o sol tomar-me, o rio cega como uma folha-prata.
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