
Obrigado Querida Azul. Sempre presente. Beijo a ti.
Obrigado Querida Azul. Sempre presente. Beijo a ti.
Digam o que disserem não acredito, não há a menor possibilidade de ter acontecido. Como podería? Falo com ele todos os dias, por vezes mais do que uma vez, escuto-lhe os receios, os anseios e quando não é ele que chega, um outro vem e se reflecte no vidro da janela a falar com o meu reflexo.
Cavaqueamos.
Admiramo-nos inconfessadamente. Recatadamente como uma admiração que se tem pelo outro mas não se quer dar a entender por parecermos tolos em permitirmo-nos sentir essa alegria única. Escrevemo-nos assiduamente, mesmo falando todos os dias, encontrámos a sublimação em repartir esta espécie de amor através das letras, assim parece que não nos viciámos e não estamos dependentes um do outro. Cobardemente.
Mas que interessa?
Se este é o nosso mundo, a nossa aldeia, o nosso Rio a chorar por nós. Não nos podemos condescender nas lágrimas próprias, deixamos a epifania para os outros. Eu nada lhe digo e ele cumpre igualmente a parte do acordo: Insatisfação, felizmente.
Por isso, repito, é mentira que tenha partido. Encontro-o em mim nos segundos que respiro a fingir que sou eu, ou ele, ou todos nós nos multiplos orgãos que pulsam, que desejam, que envelhecem precocemente a esgotar um raciocinio que tantas vezes condenamos, castigamos e absolvemos.
Mais um episódio de embates frontais em que os eus gritam a sua supremacia de braço erguido e esperam que eu proclame o vencedor. E o derrotado.
Sinto que esperam de mim essa atitude, aguardam-me vitoriosos ao esmagar o outro, do eu sobre o outro, o eu sobre o eu, um choque frontal de vencedores, cada um a seu modo e a seu tempo. Eu - sem tempo e sem modo de na omnipresença declarar na intemporalidade e simultaneidade quem leva o troféu.
Eu - um despojo de guerra.
Tentam repartir-me mas o orgulho impede-lhes de me levar aos bocados. Ou tudo ou nada.
E nisso somos (eu+eus) iguais.
És homem ou mulher?
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Álvaro de Campos
Descreve-te:
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre lá, sempre às portas de mim! Almada Negreiros
O que os outros acham de ti:
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
Como descreves o teu último relacionamento?
A praia abandonada recomeça
logo que o mar se vai, a desejá-lo:
Descreve o momento actual de tua relação:
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde querias estar agora?
Qualquer caminho leva a toda a parte
Qualquer caminho
O que pensas a respeito do amor?
Ó Céus! Que sinto n'alma! Que tormento!
Que repentino frenesi me anseia!
Que veneno a ferver de veia em veia
Me gasta a vida, me desfaz o alento! Bocage
O que é a tua vida?
Porque é que este sonho absurdo
a que chamam realidade
não me obedece como os outros que trago na cabeça?
Eis a grande raiva!
Misturem-na com rosas
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
©opyright Árvore das Palavras, 2007-2024