Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Não é novo. É respirado.

Não me fui.
Não desapareci por doença ou falta de apetite à letra, de novo o tempo à esquina à minha espera para conversa pelos cotovelos, deu-me largueza para o lamento, para a lamúria, para as noites em que o queixo afundado abafou na fofura dos tecidos as vozes pertubadoras, calaram-se, fiquei sózinha, tão sózinha que as memórias de miados, latidos, chamados e nomes pequenos secretos se fizeram em companhia.
De novo a multidão.
A sórdida lembrança de coisas que se querem esquecer à força para não doer e se pedem para nunca esquecer, o comentário enrolado das palavras desenhadas na pressa num canto qualquer de papel, lábios apertados de boca cheia de velhos sentires, novos sentires, eu uma outra de casca rugosa, mas tanta fenda.
Dou por mim aqui, sem tempo. Foi-se-me. Que talvez nas noites de rolar para lá e para cá, à espera de um silêncio ou de ruídos conhecidos [seriam uns ou outros?] a esquina fosse uma metade que eu não quisesse escutar mais. Doia de mais escrever.
De novo a multidão.

Há quem regresse, respiro e estendo a palma apanhando a mão na direção da minha, outros não voltarão. Doeu não escrever.

Sem comentários: