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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Instantâneo - Episódio dezoito


 
 
Um gole, dois, três, meia chávena bebida e os olhos perdidos na folha branca, imaculada ausência, as palavras desfilam lentas porém certas num ritmo bom de as apanhar. Se quisesse. Por agora derreto-me por um qualquer sitio de não estar, vou bebendo sem descolar os beiços da louça a golinhos pequenos um instantâneo que será mais que isso, rápido no consumo, sinto o morno da aguadilha a descer pelas goelas e a tubagem à força de ser enganada agradou-se da miseriabilidade. Os gatos nos seus postos aguardam o inicio das manobras e nada, nem brincar com o elástico no pulso a entreter tempos de palavras que não chegam, não espero por elas ao menos, agarro-me à asa da caneca como salvação num prazer tão grande como uma página cheia a verbo fecundo. O fundo. Poupo o gole já quase frio, quisera que o cão viesse junto a mim, de cauda felpuda que não tem, não vem, penso no outro, bebo restos, afago o único gato que está. É tudo de fingir, até o café bebido rápido para não lembrar que é instantâneo.
 
 

4 comentários:

Laura Ferreira disse...

sempre belas, as tuas palavras, Gasolina...

Rui Fernandes disse...

Caramba! Afinal era tudo a fingir? ou deveras sentes?

Rui Fernandes disse...

É tudo de fingir, é tudo ficção. Gostamos de fingir e atrevemo-nos a fruir o fingimento alheio. Está como eu, com falta de pachorra para marcar presença?

Rui Fernandes disse...

Passeamos? ou em descanso? Está tudo bem?