Perguntas, perguntas, tantas [tenho medo que a voz das perguntas me saiam pela boca antes que a mão tenha velocidade suficiente para tapá-la e não as deixar saír], ouço o discurso directo sobre um discurso indirecto de uma semana passada [que fiz eu na semana passada, tão pouco recordo o que fiz ontem e sei que fiz muita coisa, se me perguntarem, não serei capaz de me defender!], passo o dedo na agenda e sinto o relevo dos dias a magoarem despedidas e substituições de gente conhecida que foi movida a xeque-mate [não é o xadrez do tabuleiro que me entorta os olhos mas o ondulado de um pobre plano do jogo da glória, para onde foi Mr. Spock?], os assentos mal arrefecidos fazem sorrir traseiros [não há um ditado que rima com cueiros?], traço a perna, adormece-me o pé, o som de risos traz-me de volta e novas perguntas não de mim mas de lá para mim [nem sei como é que ouvi tão distante estava agora, Kafka a implorar-me justiça e eu a tentar livrar-me das suas mãos], ligo o british e dou o que querem e o que sei, cortam-me o som do micro deste lado, apartes, apartes, deadline cumprido, target alcançado não há tempo para mais, só do outro lado da terra há satélite para falar sobre decisões, até breve, acena-se, sorri-se [e Kafka morto a meus pés].
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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