Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Domingo, depois das 4



 
Chegavam ruidosos, aos pares, em trios, elas com elas de braço dado, sempre a partir das quatro, vinham aos Domingos para os cocktails e o jogo da canasta ou simplesmente para estar em casa dos amigos, o gosto da conversa ou pôr a conversa em dia semana a semana, entreter as crianças quem as já tinha, diziam-se a andar para velhos mas não tinham chegado aos trinta sequer e se não fosse aquele pedaço de tarde a aliviar a vida que sería a vida sem os de sempre.
Os homens preparavam as bebidas, cortavam laranjas e limões, falavam com o cigarro na boca e elas na cozinha trocavam segredos da intimidade feminina e calavam-se na aproximação de alguma ainda solteira rindo-se dizendo que haveria de chegar o tempo dela, dispunham aperitivos em taças de vidro e ralhavam o filho para não correr.
Depois reuniam-se todos à sala, eles a pedirem atenção a elas ao jogo, elas a cantarolarem em conjunto uma música italiana, os pequenos a pedirem para provar o cocktail.
As solteiras ficavam atrás nos seus vestidos floridos, sentadas muito direitas, a dar cor à cor açucarada das paredes como se aguardassem a sua vez de ir a jogo, de poder ter voz. Até lá enfeitavam um quadro, compunham uma cena que parecia tão perfeita num Domingo a partir das quatro da tarde.

Sem comentários: