É estranho abrir os olhos, despertar de um pesadelo em que se sufoca sem se conseguir escapar e a luz do dia infiltrar-se como um som no quarto de dormir, paredes manchadas de cor quando se espera que o desespero deslize o resguardo da envolvência de que se saiu até brandamente se recuperar a noção do sentidos, progressivamente, até tudo voltar aos seus sítios, o corpo ao dormir, o quarto ao escuro esperado.
Mas acordar já dia alto, o coração perdido pelos cantos assustado pela correria da fuga, pela luz do sol, as ideias perdidas a tentarem ordenar-se pela recordação do macabro na necessidade do relato a outrem e tudo a escoar-se pelo desordenado de um tempo que parece parado numa dimensão que continua a sonhar é pior que uma dor que quase se deseja. Leva a um vazio em que não se sabe o que se sente.
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