Os pássaros já partiram e as árvores estão nuas, o que delas resta anda pelo chão, espezinhado ou quando vem o vento arrastam-se para um canto amontoando-se, as chuvas fortes levam as sobras. E de ti nada. Eu à espera. Acendi a luz no quarto de dormir e levantei a colcha na esperança de que te escondesses sob a cama para me pregares um susto. Em vão, nada mais que algumas caixas de cartolina feitas por ti no aborrecimento das madrugadas quando a invenção te chegava prolífera e te abandonava em iguais quantidades do mesmo enfado. Coisas de artista, dizia eu e tu sorrías. Vejo o teu sorriso quando destapo as caixas e é só isso que encontro e não me chega, sei que os pássaros se foram e que voltam mas preciso de os ver a planar naquele ruído de vida, esgravatando junto ao telhado ou discutindo na árvore perto de casa. Empurro as caixas de volta ao esconderijo que escolheste, talvez tenha sido tua intenção trazeres-me até aqui, sempre gostaste destes jogos do desejar mas o meu coração sente-se perdido no meio das folhas, arrastado, levado pela enxurrada e quem sou eu à espera, sem ele?
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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