Um tempo de viver e um tempo de escrever, que não sei bem se do segundo é tempo meu se de outros que faço uso ou ao contrário, bonificam-me em múltiplas e desconhecidas vidas, tantas maravilhosas e de aventura, outras a decadência da alma e a falência procurada do corpo, e a mim mesma na carne as sinto em dor como se minha fosse a mágoa, a perda, o luto.
De todos fico-lhes no meu viver com os detalhes, minúcia minha. É vício desde o aprender a contar, reter nas pupilas o pormenor, lembrar cheiros e sons, associar verbo a cada um para traduções do que são, do que foram, do lembrar quando me sobem à boca calada e o coração disparado fala comigo, escondo-os do mundo com medo que os manchem, se por aí andam soltos é responsabilidade própria, de mim não levarão traço que os denuncie.
Vivo-os, faleço-os, que outro risco poderá haver?
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