Que não venham agora e nada me digam, um único som por favor, escuto-me! Ouço-me nas palavras que alimento e engulo na deglutinação saborosa de uma correnteza infindável que jorra, torneira invisível que mão milagreira resolveu rodar e deixar aberta, páro-me a respirar apenas para compor vírgula aqui e além evitando asfixias mal comparadas com uma tisica que tal como eu, prostrada, ainda, eu, eu que nada sou destas coisas de ficar imóvel e tão semelhante a uma estátua hoje até gosto, não venham e não falem, não me digam nada, não apareçam, não peçam coisas, não perguntem que tenho ou que não tenho, não tenho nada não vêem?, só tenho palavras na língua a escorregarem bem e sem pausas nem solavancos de hesitação de coisa certa, fico-me assim, sossegada neste sentir prazeiroso até perder o tino do horizonte e chegar uma dormência e achar no acordar que sonhei, um ruído desperto que me faça engolir alguma palavra esquecida na garganta e perdão, perdão porque as não escrevi no momento e agora é tempo de acordar.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
-
Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
Sem comentários:
Enviar um comentário