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domingo, 28 de setembro de 2014

Fds, Planaltos, Retiros&Outras Cousas do Evitar para os Demais


 
Enfartada da coisa do mundo, confessadamente, dos homens igualmente na mesma medida e acrescento-lhe a minha pessoa que tomara eu pudesse arrumá-la no armário a mais os seus remoeres de profissão que não despegam, inferno, obsessão de sombra perseguidora, resolvi ignorar-me e entrar em clima de greve.
Quem quiser comer que coma, que faça por isso, hoje eu cozinheira não venho, nem para mim, levo à boca pão que alguém há-de ter socado e amassado, cozido e vendido e de bebida, água, nem que seja do alto.
Engomadeira, mulher-a-dias e afins nem pensar até porque - dizem- é dia santo, podía fazer-me mal e como não sou crente e até sou do contra - dizem- só porque me apetece, hoje não me apetece.
Assim estou despachada destas materialidades em que sempre me tropeço, encalho-me no desgosto de as fazer mas obrigo-me na tarefa porque se as não cumprir ralho-me mais do que as ignorando. Mas hoje é diferente, que estou surda a argumentos.
Não tenho horas, empatei os ponteiros no número 12 vai para uma série de tempo e apertei a goela ao pêndulo sem lhe dar hipótese de me retorquir badaladas a anunciar perdidos minutos de espera, não quero saber, despojo-me da minha civilidade e fecho os olhos.
Escuto-me.
Primeiro só ouço a semana que passou. Difícil. Ainda. E ainda. A veia do pescoço lateja forte num compasso certo. Faço música ao ritmo do batimento do coração, vem-me à memória uma voz a cantar que não sei de quem é, sinto-me num topo de uma montanha, alto, azul, a veia do pescoço lateja vagarosa, certa.
Há vezes em que é preciso fugir para poder regressar.
 
 

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