Cedo. Cedo do dia e da vida, escuta-se na sombra do ressoar dos saltos na calçada enquanto os olhos apontam às biqueiras, não se lembra quando aprendeu o gosto de caminhar de braços traçados e o queixo ao peito, mas só sabe fazê-lo assim, de outra forma o desequilíbrio da vista além ou o alcance a outros olhos a baterem nos seus.
Cedo. Vai achada nos seus pensares, agarrou um fio à sorte quando um gato se tresmalhou escapado na frente do compasso marcado e lhe acelerou a respiração, lembrou-se das riscas de Tico e das mãos na perseguição, do riso a entupir-lhe a memória e dos avisos da mãe, de puxões de cabelo e castigos de cabeça baixa, do fulminante olhar zangado e do regaço dado.
Cedo. Chegou cedo ao amargo do fim. Esgravata furiosamente por outro acabar e nem nas biqueiras desesperadas encontra a emenda para arrepiar história, estaca, o som dos saltos já não a persegue, olha atrás. Ninguém. É cedo. Nem Tico, nem castigos, nem colo de mãe. É tarde para rir, esqueceu-se de o fazer e nem se lembra quando. Deve ter sido... tarde. Ou muito cedo. Não vale a pena zangar-se, agora é tarde.
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