Reunião de direcção, seis da tarde, final de semana, fim de mês, toda a gente exausta e sem conhecimento da agenda de trabalhos, marcação de improviso, sala cheia, muitos de pé, começa o Director-Geral a dissertação sobre o empenho necessário para os objectivos comuns, compromisso, transparência, somos todos uma família.
Cochichos na fila de trás [um dia destes a minha mulher põe-me as malas à porta], e o discurso prossegue enquanto o olhar do Director-Geral varre a sala, caminhando lento e com tempo, passadas largas [vá lá, vá lá, pede lá o que queres! e manda-nos embora!], empenho é o que espera, está ali para ouvir o que vai na alma, partilhar [ora bolas! eu partilhava-me era daqui pra fora! Ainda não chega?!]
E sorridente, estaca:
- Diga, diga, não guarde para si, já reparei que tem alguma coisa a acrescentar... Tudo o que é dito é importante!
- Sabe Sr. Director... Sinto que tenho dado tudo... Mas por mais que dê e me empenhe nunca é o bastante, estou sempre fora, nunca me sinto parte, parece que estou aquém da empresa, não sei se me entende Sr. Director...
- Bom. Se não se sente parte temos uma solução. Vou contactar os Recursos Humanos e mandar cortar o seu vencimento.
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