A certa altura caminha-se sózinho, a mão do nosso lado está lá, aquece-nos e ampara-nos mas sabemos que o carreiro é nosso e a decisão de a ele nos fazermos a nenhum outro juízo poderá ser apontado senão ao próprio, já não há desculpas para a tenrura da idade nem influências sobre estilos de vida, o estilo de vida é ser-se assim, é ter o poder da opção.
Caminhar, caminhar sempre mesmo que aparente fazê-lo às arrecuas ou num passo enviusado, a escolha solitária da estrada que parece tão nua por deserta de sinais, pistas, um simples atalho que poupe a dor das pernas na busca não se sabe bem do quê e tão profundamente se deseja no intimo o que não se explica, a felicidade, um conta-gotas que pinga para tão logo secar na lingua ávida que arfa na continuada senda da caminhada.
Cansaços, vontade de sentar e desistir e o caminho a andar numa lenta passagem a pedir o esforço da tentativa... A certa altura achamos que caminhamos sózinhos mas surpreendentemente se descobre, maravilhosamente se desperta, quase assustadoramente se reconhece pequenos nadas que nos restaram dos caminhos de outros que nos amaram. Decalcados na nossa memória como mapas. E seguimos. Porque a nossa vez de emprestarmos os mapas há-de chegar.
2 comentários:
Belíssimo texto!
Grande abraço
marisa
Grata Marisa
Bom Ano
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