O marinheiro de olhos azuis deu-me a mão e senti-lhe o frio dos ossos da tua água penetrada pela noite que arrasta na travessia entre margens, cabos que me são cordas endurecem-lhe calos que me seguraram as palmas, tentaste a minha queda, balanços de quem está bravo, uma ira ciumenta de amante despeitado, quase arrancas sem me levares, açoites de cacilheiro e urros para dar medo a quem veste valentia.
Cuidado diz baixo o marinheiro de olhos azuis e o azul dos olhos é o Tejo tingido plácido, dois Rios transbordados, um que me reclama e um que me avisa, afasto-me e fico pequenina a meio de tanta água, nunca o lado de lá encolhe, é sempre ilusão achar que o que é grande possa alguma vez ter outro tamanho.
(in Olhar com Vista sobre o Rio, 2012)
(in Olhar com Vista sobre o Rio, 2012)
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