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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Mudar




Desliza nas pequenas bolinhas negras entre verniz sangue que pinga das unhas a vontade da solidão no amarrar do nó da seda, apenas faltava o lenço para esvoaçar o que resta das lembranças do que aqui hoje fica, nada mais segue, para trás são quilómetros de ruídos e palavras obscenas porque não foram ditas, também as há assim.
Mas não há malas nem outra bagagem a acartar na memória, o mais é esquecer, pé no acelerador e de mansinho, o prego a fundo deixa marcas no asfalto, uma quase pele queimada no cheiro de lastro e quando se parte por muito bonito que se vejam nos filmes outros a lembrar porque lembram bonito, à séria só lembram feio e acham coisas como areia no deserto.
Partir a ronronar e como se fosse um passeio, seda no pescoço a esvoaçar, halo de 19 para deixar no ar o rasto de que talvez haja regresso, desconfiança da confiança de que tudo está como sempre esteve, afinal quem quer ir não o diz, vai porque fala consigo mudamente, porque se olhou e corajosamente decidiu o tempo de mudar.

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