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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Amar, Amares

Perdi a fé da certeza. O dominio tornou-se absorto quando tudo se quer em dois, quando se acha que amor maior foi o que não se teve para sempre e o presente sendo encantado tem a falha da realidade.
Agora que me é dado voltar aos braços da paixão um som agudo baralha-me os sentires e tanto quero correr como parar para ouvir de olhos fechados pautas que me alucinam. Afinal foram elas que me mantiveram viva neste balão de oxigénio e rude, ingrato e de má memória sería se estouvada virasse costas de vez e apagasse o que escrevi.
Mas o amor, o amor, a dor do amor, aquela coisa rasgada no peito que ajudamos a esgaçar ainda mais e pedimos leva tudo, leva-me tudo...
A verdade, eu disse.
A verdade é que perdi a fé da certeza quanto ao meu amor. Quero amar dois, posso amar dois? Quero letras feitas a golpe de mãos pelos ares, a minha caligrafia no cénico, quero passos no papel branco, quero jetés e attitudes que se encadernam de folhas pisadas nas fluviais madrugas em que o sol nasce quando parto e se põe quando arribo, quero a hora do lobo em que me ponho de mulher e quero a chuva a despentear-me os gritos com que empurro o silêncio das palavras ditadas pelos outros de mim.
Quero tudo. Quero dançar mas também quero escrever.

10 comentários:

SONY disse...

Gas,
lindo, lindo, lindo!
Clapt, clapt, clapt!

"Quero tudo."

Gostei muito deste teu post.

jito minha Gas,

Sony

CNS disse...

"quando se acha que amor maior foi o que não se teve para sempre "

E achamos isto vezes demais que quase se torna sempre.
Excelente !

um beijo

Gasolina disse...

Sony,

E quero mesmo.
Prefiro nada ter do que ter qualquer coisa.
Quero tudo ou desisto do "nada".

Beijos em ti

Gasolina disse...

CNS,

Tens tanta razão nesse "sempre". A nossa alma lusitana é que nos leva a naufragar para não entregar o barco...

Um beijo, C.

Patti disse...

É aquele engano do 'mais vale um pássaro na mão, que dois a voar'. É mentira! Não vale nada.
É preferível, muitas vezes o nada ao que sobra.


(Tenho estado ausente..falta de tempo)

SONY disse...

Gas,

prefiro não ter nada do que ter metades!

Ou é ou não é!
Ou 8 ou 80!
Ou tudo ou nada!

Não existe o meio, não existe o talvez em mim, por isso lute tanto até mesmo comigo, mas luto sempre até vencer!!!

Jito,
Sony

marisa disse...

é possível amar mais que um ao mesmo tempo.por vezes temos é de fazer escolhas, porque ainda somos demasiado "pequenos" para entender a grandeza e plenitude do amor. mas como dizes, tu és diferente, tu não és o "normal", então talvez possas passar por cima da escolha comezinha e deixares os dois conviverem em pé de igualdade.
o nosso mal é querermos ter certezas, nada é tão certo como o incerto...
beijo e abraço forte
marisa

Gasolina disse...

Patti,

Dos restos não quero nem o cheiro. E sobras de mim nunca ficam nenhumas para oferecer.

Aproveito-me nestes "últimos cartuchos" até o tempo me dar essa trégua.
Depois... Bom, depois há-de chegar.

Gasolina disse...

Sony,

É tremendo ser-se extremista, não é?!

É que não sei ser de outro modo, não sei ser mais ou menos, não sei ser tanto faz...

E pelos vistos a Formiguinha também é sócia deste clube...

Beijos, beijos

Gasolina disse...

Marisa,

Simplesmente adorei como falas desta escolha, destes amores, da pequenez e da grandeza.

Obrigado.

Pela tua mão, mais uma vez, a segurar a minha. Isso é que é mesmo certo.

Um beijo, levado pela chuva tanta até aí.