A última vez que o vira estava o tempo atirado em soprar forte e molhar sem escape todo e qualquer um. Depois desses dias de temporal, cinzentos e mal humorados que mais parecíam ter acontecido há um ano nada mais soubera dele. Assim como lhe surgira ao caminho impetuoso e folião, também da mesma forma surpreendente havía aos poucos, desmanchado aquele fio entrançado que cativa as pessoas. Apercebeu-se que ele quería a liberdade de não ter que aparecer, de não dizer Olá ao telefone, Sou eu diz lá então, de não ter que sorrir, estar perto, estar a apoiar. E um dia foi o ultimo dia que apareceu e a chuva e o vento surgiram fortes para o substituír, como uma presença gelada.
Aos poucos o coração acalmou, o pensamento desviou-se para as coisas praticas da vida, a memoria diluiu a saudade.
Foi quando já não se lembrava dele que a vida se lembrou dela e encaminhou os rumos de volta um ao outro.
Desordenadamente o coração disparou imagens de um passado recente, a dor adormecida rugiu na culpa apontada sem palavras. Ele quis recuperar o que não disse. Ela disse que este era outro tempo, ela própria outra pessoa.
E ambos naufragos do dizer, deixaram levar-se ao saber da maré, sem forçar as ondas para não perder a força toda da vida e conseguirem nadar até uma paz interior que fizesse sarar as feridas do ir e voltar, sem nada temer.
(C.G. Novembro 2006)
4 comentários:
Gas,
viver com medo do que há-de vir é mau, muito mau.
O que tem que ser nosso um dia será!
Jito,
Sony
BELO! mais não consigo dizer.
marisa
Sony,
Claro que sim.
Mas de onde tiraste tu essa idéia?!
Abraço Formiga
Marisa,
Obrigado Amiga do Reno.
Um beijo.
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