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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

No meu peito



Quanto mais longe tanto mais juntos, um dia de cada vez e tantas palavras mastigadas, algumas saboreadas no prazer de as termos alimentado nos olhos em comum, tantas que ficaram na teimosia do nosso orgulho de nada comer, um jejum estúpido quando no fim só queríamos dar na palma até aos lábios um do outro, lamber, sorver, dar na insistência de tentar encher a barriga, dois tontos sempre fomos, acabamos por ficar com um monte de letras soltas que deixamos cair e em nada aproveitamos, nem ao outro nem a ninguém, espezinhadas na convicção de que o tempo nos endireitasse ou dobrasse para aprender, tu, e tu a pensares que eu, e assim fomos levando o desperdício até ao silêncio.
Longe é o lugar da morte onde estás, mas o tempo das conversas aproximou-nos sem olhar a fome ou modéstias de primeiro passo, eu não sei onde estou, estaremos no ponto onde deveríamos ter marcado encontro antes e a distância não sofresse dos males das saudade.



Ao meu irmão, 05/10/1965-09/01/2013 

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