Voltar.
Enfrento-me na promessa e engulo duas vezes, bato, sinto a porta a ferir-me o silêncio de ninguém me atender e quase aliviado, desculpo-me para lhe dar as costas e não voltar.
Voltar.
Tinha dito que aqui não regressaria, há coisas que não se repetem, pela dor, pelo que aconteceu e pelo que trouxe do passado ou pelo orgulho de ser homem, bati e ninguém veio, bati e do outro lado cumprem o meu juramento melhor que eu, talvez me escutem e esperem que eu vá para depois de porta aberta reconhecerem o rosto que tantas vezes acolheram de sorrisos, mão esticada na palma estendida a pedir pressa para entrar, na última vez bati com força a porta, não falei, não vieram pedir-me para ficar, só um passo único a imitar os meus hesitante e depois só eu, a barreira da porta, o lá e o cá fora.
O dantes e o voltar.
Insisto, bato de novo na porta e por cada pancada o coração bate mais forte que os nós dos dedos na separação do que quero aproximar, acaricio a dor da madeira e peço que me ouçam, baixo, volto, ou talvez não, só quero que abram e me vejam que estou aqui, afinal estou aqui.
Alguém passa e conta que ninguém mora cá há muito tempo.
Todas as fotografias da Colecção Das portas & janelas-Vol.2 são da autoria de Eduardo Jorge Silva
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