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domingo, 9 de agosto de 2015

Nichos




Não saio, guardo o Domingo para o destino dos fiéis, um recato escolhido por mim que não sou religiosa mas que professo o sossego das horas precisas no interregno das ausências de casa, demasiado tempo o que estou fora sem sentir o chão que me é. Ouço entradas e saídas constantes, portas a bater, passos rápidos de quem parece ter muita pressa em ver pelas costas o sitio onde se anicha, vozes de meninas a perguntar onde vão e respostas sem vir, não há destino, infiéis, apenas saiem ao mundo, vagueiam-se ao ar, sentidos contrários ao meu que procuro o chão a pés e mãos para garantir a propriedade e segurar os muros das paredes que me conhecem os silêncios e as palavras ditas.
A campainha, atendo, alguém à procura de quem não está, devem ter ido, não sei, observo-lhes o sorriso a murchar na decepção da porta que ficou por abrir, só a minha com gente e não a quem querem, o regresso vagaroso, também eles vagueados na busca de um nicho.


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