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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Instantâneo - Episódio nove




Instantâneo: Pousou rápido a caneca, a mão queimava-se no café acabado de fazer, mas outras pressas ardiam-lhe nos dedos que ágeis e desembaraçados entrelaçaram o incómodo de um mecha mais curta de cabelo teimoso que lhe pendia sobre os olhos e lhe tirava o convite do papel branco, todo disposto, todo alvo a novas palavras que se esgotassem no tempo da imaginação. Enxotou os gatos da cadeira, da secretária, desenroscou a tampa da caneta de tinta permanente e acendeu um cigarro escrevendo
Instantâneo: De cabelo penteado ao alto, uma pequena mecha emoldurava-lhe o rosto. Os olhos fixos no papel pareciam cegar-se na brancura que aos poucos se tingía das letras desenhadas num compasso muito certo pelo aparo da caneta de tinta permanente em desmaios de azul que combinavam na perfeição com uma chávena fumegante e odorífera de café, provincianamente pintalgada de bolinhas. Um cigarro solitário esquecia-se no cinzeiro e dois gatos compunham-se por ali como guardas de um qualquer acto
Instantâneo: A quem quer que chegue agora, direi que é café. Que escrevo. Não são verdades. Mas também não são mentiras.

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