Entraram pela carne, pelos olhos, pelos olhos até deixar de ver e não conseguir atingir a verdade da evidência no som das palavras a vergastarem indistintamente a carne onde pudessem acertar até esta se tornar pedaços de coisa mole e pender inerte atormentando a pedir a amputação piedosa.
Palavras amargas, cruéis, deturpadas, palavras velhacas que escarnem de mim sem pernas.
Palavras que rasgam o mundo ao meu redor e afastam cortinas das minhas costas pondo à vista bastidores que aguardam o meu momento de joelhos, o instante pequeno em que soçobro, talvez envergonhada dos meus restos desordenados aceitando culpa por tão defeituosa me sentir, achar ser justiça a condenação de me tornarem rasa.
A surpresa que me ataca como o chicote que me dilacera é tão grande quanto a ira que me acorda a besta e os cascos que me escoucinham no tambor do peito fazem-me doer as veias que me cortaram nos golpes dados a cada sílaba oferecida com a calmaria de um veneno.
Sai tudo rompendo pele e desta vez até lágrimas, desertos que eu havia comido hoje alago, hoje devolvo a besta do verbo, elogio o meu tamanho e no monte dos bocados acho o balanço do tom para dizer honra e verdade.
Shame on you. Shame on you.
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