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terça-feira, 14 de julho de 2015

Boa viagem


 
O que levo não cabe na mala, o click do fecho metálico não se escuta no que transporto no peito, nos olhos, nos cómodos da lembrança, tudo fácil de guardar quando são coisas de mão palpável a atirar para dentro de dimensões standard na mala de cabine, o avião não levanta com o peso da minha bagagem, trago tudo dentro de mim, asas também para poder regressar.
Não gosto deste pedaço em que se sumariza em meia-dúzia de peças de roupa a qualidade do que somos, a que vamos, olho o interior da minha alma e anagramo mala, malas, correrias e tropeções nas meias-dúzias de peças de roupa que vestem a alma dos que se embatem nos aeroportos, felicidades e negócios, despedidas e reencontros e se despacham a desviar bagagens e olhares no receio de encontrarem saudades comuns, uma pressa chegar, arrasto a minha mala pronta, fechada, o meu peito ainda a dobrar beijos perfumados, palavras curtas, quase silêncios quase palavras.
Levo o que me serve e me chega, nada a declarar.

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