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terça-feira, 28 de abril de 2015

Práticas




 
Não há dúvida que a facilidade da escrita não está só no jeitinho ( fora os génios, tomara eu) mas igualmente no treino, uma semelhança quase macabra às aulas de dança que tanta saudade me trazem (fosse eu capaz de voltar a chorar e  rios haveriam), é o gosto, prazer, a necessidade, o querer.
 
Mas é assim mesmo. Escrita escorreita, daquela que desliza pelos dedos, só mesmo a que se pratica todos os dias, com muitos erros e enganos e voltar atrás, o desespero e seguir e refazer outra e outras vezes emendar e buscar sempre novo, sempre melhor, sempre o verbo que acerta no sabor exacto ou o mais aproximado ao arrepio, ao toque, ao canto do olho nem que seja num vislumbre e sempre a certeza de que se está longe para se querer mais e melhor e doutras, sentar porque é o tempo das palavras respirarem por si porque são o bastante e nada mais delas se deve exigir ou a pirosice pinga como suor a exalar em bailarino que não trocou de maillot, quase uma conspiração.
 
Até às pontas há muito trabalho de musculatura a ser feito e não só os gémeos trabalham, o arco do pé, há a anca, a estabilidade das costas, o equilíbrio de todo o corpo, a graciosidade, o assentar sem pousar, a efemeridade dos dedos, a leveza como plumas, a aura. A caneta e o papel, as palavras e o autor, um sopro de nada.
 
Pratico todos os dias, erro muito, danço e nesses rasgos de tempo sou completamente feliz.
 
 
 
 

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