Depois não te queixes, eu avisei. Esses longos momentos de contemplação ao vazio, nada adiante, um agitar de mãos rápido e nem o pestanejar te dás ao trabalho, é típico, é sinal que não estás cá, estás mas não estás, já deves ter ido há muito pois nem o som já ouves quando digo eu bem te disse, eu avisei que ía acontecer, onde estás agora? Eu estalo os dedos e nenhum reflexo, sopro-te na ponta do nariz, mil caretas, já devías ter mostrado a dentuça no desmontar das gargalhadas e na legenda disparada do pára lá com isso idiota que pareces um palhaço mas nada, um fiozinho de saliva que demonstre que estás a disfarçar desta vez, onde estás? Já foste e ainda não voltaste, quando regressares vens tagarela, a falar pelos cotovelos e por horas, sempre o mesmo assunto, hás-de perseguir-me casa fora até ao armário se preciso for e bater na porta se não te deixar entrar e nem assim te calarás, sei nessa altura que já não és tu, ou se ainda és virás com outro ou outra, e até já aconteceu voltares com mais de dois. E os tiques. As afectações. A mudança do tom de voz, lembro-me de uma vez teres regressado a coxear, outras coisas que nem vou dizer porque faço por não lembrar de tão irritantes, que ódio! Depois não te queixes, eu avisei. Quando vais começar a escrever? Talvez meta férias de mim.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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