Quando a evidência fura os tímpanos. Os olhos. Quando as palavras se tornam um objecto de arremesso, letal, ou nem tanto, tão mais perfurante numa dor contínua em que o sofrimento se pretende que massacre, estrague a carne e não faça esquecer por um momento que a alma só sente se a esta acompanhar a ferida do corpo. Quando as palavras contrariam o que se vê e a realidade é clara porque não há sombras a mistificar nem enganos de sons que tivessem perturbado vocalizos para que o receptor, perturbado, encriptasse códigos onde mensagens - a mensagem - cristalinamente se fluidificassem em trambolhos aglomerados de verbo, o que é isso, nada disso, faz-se o pino. Todavia, os pés não entenderão melhor o que se escuta ou a visão por terra não terá alcance suficiente para a perspectiva das palavras perante o ângulo das evidências. E no entanto não são mentiras, são desvios, manipulações, são costuras rasgadas entre a palavra e o seu uso, entre o verbo e para o que serve, entre matar e afirmar que se ressuscita.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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