Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Descosturar




Quando a evidência fura os tímpanos. Os olhos. Quando as palavras se tornam um objecto de arremesso, letal, ou nem tanto, tão mais perfurante numa dor contínua em que o sofrimento se pretende que massacre, estrague a carne e não faça esquecer por um momento que a alma só sente se a esta acompanhar a ferida do corpo. Quando as palavras contrariam o que se vê e a realidade é clara porque não há sombras a mistificar nem enganos de sons que tivessem perturbado vocalizos para que o receptor, perturbado, encriptasse códigos onde mensagens - a mensagem - cristalinamente se fluidificassem em trambolhos aglomerados de verbo, o que é isso, nada disso, faz-se o pino. Todavia, os pés não entenderão melhor o que se escuta ou a visão por terra não terá alcance suficiente para a perspectiva das palavras perante o ângulo das evidências. E no entanto não são mentiras, são desvios, manipulações, são costuras rasgadas entre a palavra e o seu uso, entre o verbo e para o que serve, entre matar e afirmar que se ressuscita.
 
 

Sem comentários: