Lembrei-me de coisas antigas que tinha escrito, mesmo muito antigas, visualizei-as no solavanco do trânsito e no reinicio da marcha papagueei-as como se duas de mim fizessem um dueto, respeito à respiração da pontuação, não sei porque razão me fui recordar de coisas tão velhas e agora tão lucidamente à frente dos meus olhos numa letra aprumada que nem tão pouco é mais minha, o hábito do teclado agarra o esforço da escrita manual e condiciona a caligrafia, desbasta o calo do dedo médio, ah liberdades que aprisionam...
Digitei rápida o texto no isolamento de ruídos à minha volta, um amigo tinha-me enviado uma foto fantástica com um grafiti [eu não tenho paredes], que me injectou a tinta necessária para continuar a dissertação das coisas antigas e de repente!
Procurei o meu caderno dentro da bolsa, tirei tudo, nada.
Todo o barulho me caiu em cima, as palavras antigas escoaram-se para longe e deixei de as escutar, apenas eu e mais nenhuma de mim a recitá-las.
Durante algum tempo ficou paralisada.
Depois agarrei uma folha branca e escrevi ao alto prisões que libertam.
Fiz delete ao texto escrito no computador.
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