De onde veio este som tremendo que de repente pareceu acontecer no mundo, tão feito de ruídos feios, uma barulheira sem sentido que me abstrai por não me conseguir abstrair do que me cerca, a perturbação dos sentidos que me descompassa no peito e mau grado meu, parece agarrar como impressões digitais tudo o que não quero? Trago um lixo de arrasto que tento desprender dos sons bons, palavras bonitas, frases que se escondem entre desperdícios que apodrecem mal-cheirosos, um turbilhão de vozes a ecoar e a distrair-me, não consigo concentrar-me e tentar escapar, fechar os olhos e ouvir o silêncio, toda eu mata-borrão de ruídos, o verbo maltratado e cuspido, pisado e esquecido, uma velocidade que não dá tempo ao luto e novos sons se martelam no som surdo... Fala-se pouco, cada vez menos, medo de falar, deixa-se de saber dizer, 140 caracteres para contar uma noticia, anunciar um estado, comentar saudades de casa.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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