Sábado de Carnaval.
Não há escola, não há hora, não há regime que obrigue ninguém a ir para a cama quando a noite chega, só riso e brilho e vontade de dançar.
Liberdade, liberdades, onde vais? Vou para o Carnaval, tem cuidado que nós já lá vamos ter, termina-se a maquilhagem, carrega-se o traço do eyeliner provocador, pesam-se as pulseiras nos braços arqueados prontos ao par puxado pelo salão, olha o mascarado, olha os papelinhos, cuidado com a bisnaga!
A orquestra repete-se no refrão e ninguém quer saber da imperfeição do inglês, pede-se desculpa pelo encontrão, os homens levam as damas ao assento, pedem capilés ou groselhas, fumam português suave, falam do concurso de máscaras da tarde em que o filho quase ganhou...
Um dominó de cetim negro toma as mãos de uma rapariga perdida na letra sabida de cor, rodopiam, ganham espaço, ele eleva-a e gira-a pelo alto parando o tempo, a música, o coração pintado a batom vermelho na maçã do rosto.
Até ser cinzas de quarta ela procurou em todos os dominós negros um que se chegasse de novo a ela, mas todos os que vieram buscá-la para dançar tinham o rosto descoberto.
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