Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Sossegos



Escapei-me pelo escuro da noite porque precisava da claridade das palavras sem ruído de vozes na pergunta sobre o estado das coisas. Fome, sede, tristeza ou somente silêncios prolongados são vitimas fáceis das interrogações e afinal não se passa nada, só se procura o recanto do eu no acerto da moldura, por vezes é esse o segundo ou o milímetro que se acha entre a harmonia e o berro que se pede para a paz. Distâncias invisíveis e incompreensíveis para quem usa o verbo como oralidade. Deitei-me ao caderno e sob a lâmpada amarelenta das quatro da madrugada dedilhei no azul até os olhos se esgaçarem e o peito consolado se sossegar afrouxando a batida. A morna sensação do dia a nascer conduziu-me à cama pelos ombros com o toque de um xaile. Deitei-me, os pés na cabeceira, a cabeça enroscada na barriga do cão. E passado algum tempo o som de palavras junto ao ouvido, Hoje é Domingo, não é dia de trabalhar... E o aconchego de uma manta macia sobre o corpo.

Sem comentários: