Escapei-me pelo escuro da noite porque precisava da claridade das palavras sem ruído de vozes na pergunta sobre o estado das coisas. Fome, sede, tristeza ou somente silêncios prolongados são vitimas fáceis das interrogações e afinal não se passa nada, só se procura o recanto do eu no acerto da moldura, por vezes é esse o segundo ou o milímetro que se acha entre a harmonia e o berro que se pede para a paz. Distâncias invisíveis e incompreensíveis para quem usa o verbo como oralidade. Deitei-me ao caderno e sob a lâmpada amarelenta das quatro da madrugada dedilhei no azul até os olhos se esgaçarem e o peito consolado se sossegar afrouxando a batida. A morna sensação do dia a nascer conduziu-me à cama pelos ombros com o toque de um xaile. Deitei-me, os pés na cabeceira, a cabeça enroscada na barriga do cão. E passado algum tempo o som de palavras junto ao ouvido, Hoje é Domingo, não é dia de trabalhar... E o aconchego de uma manta macia sobre o corpo.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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