Como olhar e ver tudo e logo cegar no instante pelas palavras que sobem à boca, comem o ar, levam tudo de dentro e até o coração, amassam-no como uma bola de papel em que serviu a letras mal pensadas e devolvem-no às fuças, humilhado, para que aprenda a lição e envergonhada nos olhos baixos, engulo-o ainda latejante dos apertos, retomo o oxigénio, o pulsar das veias, a nota alta de cabeça que me suspende a visão lembrada.
Atiro-me no abismo da beleza.
Deixo-me perder no circulo dos olhos tentando encontrar a justiça no verbo ou engano em mim, não há verdade na poesia, há fragmentos e escaras, coisas que imitamos para nos sentir bem e recordar do que vimos quando pestanejamos no silêncio entre truques de canetas encostadas a papel ou relógios a trabalhar.
Não tenho palavras, só por isso caio, só por isso de pé, porque os olhos abertos dão-me o verbo de ver do bater do coração.
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