Sem palavras. Mesmo as engolidas, especialmente e superiormente as engolidas no nó da garganta, ou porque nunca foram permitidas serem ditas ou porque já passou o tempo de as dizer ou porque já nada mais importa. Que importa? Ficam para dentro e cada um que as diga para si e as repita se tu soubesses, se ao menos tivesses pressentido... e um passo tão pequeno tería fechado o abismo.
A maravilha encantatória das telas é a observação pela vista, quedarmo-nos pelo olhar sem murmúrio e no suspiro da contemplação fixar o plasmado do que somos naquele plano.
Encontrarmo-nos ali, achatados, mas admirados para todo o sempre. Incorruptos, puros, elegantes na forma e no ser, um todo de alma e figura.
É isso que desejamos ao nosso sentir e ao amor. Eternizá-lo como uma obra de arte para que o mundo inteiro o admire e contemple. Intocável, belo, puro. Vedado.
Sem palavras suspiraram o tempo necessário da admiração ao quadro. Notaram que um restauro lhe era preciso mas não fizeram referência um ao outro sobre esse pormenor. Guardaram para si, outras obras ainda para ver. Do silêncio só os passos de ambos a falarem à vez desacertadamente.
(in Telas, 2009)
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