Primeiro as mãos apertadas uma na outra como se se ajudassem ao alivio da força na fraqueza de uma dor à dor outra a esquecer, depois cerradas como maçãs, já indivíduos solitários e ainda assim, o ruído, as vozes altas a ferirem e a incomodarem os pensares. As mãos em palma como na oração. Junto ao rosto, encostadas às faces, às têmporas, à testa, à vez a pedirem por dentro por favor ao barulho para ir para longe, embora e nunca mais voltar que o sossego de dizer as palavras no silêncio é tão preciso.
Olhar e pedir e nem assim nesta clemência a percebem.
Pede pela boca, pelos lábios baixos que deixam caír palavras pequenas, quase mudas que lhe perguntam duas vezes o que diz.
Dantes achava que tinha ruído na sua vida quando as notas de música subíam alto pelas paredes e batíam no tecto e se atiravam pelos ouvidos e as palavras disparavam acompanhadas marés de sentimentos que a fazíam dançar até escrever com o corpo todo. Achava-se condenada.
Só agora percebe como era livre.
Só agora percebe como é solitário este mundo barulhento em que não sabe dançar.
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