Sorrir, ver sorrir em frente e cada vez mais distante como se a imagem fosse um som que se atordoa numa palmada escapada à traição junto à orelha até nada restar senão um zumbido e deste, pela intensidade, se achar que é assim o mundo, o som do universo, a imagem ao redor.
Foi-se o sorriso.
Apenas uma imensidão de zumbidos que se correm na procura, por entre relva incerta e mais alta que as próprias pernas, meias de risca negra e amarela a condizer com o Sol a pino e papagaios perdidos a ofenderem de cor impossível uma tela azul, sempre a correr, velocidades imparáveis que fazem voar na horizontal em bibes enfunados como nos sonhos em que se cai de alturas de montanha e não se morre, voar, planar e dominar, cerrar os dentes pela força tamanha que se tem, sentir as pestanas de cima tocarem as de baixo devagarinho como se o tempo fosse piscar os olhos à nossa vontade, ao som da voz da nossa garganta, ao zumbido que regressa.
Suave.
Um sorriso suave em frente, o talher entretido entre a comida a esfriar.
- Onde estavas agora? Tive a sensação de que não me ouvías...
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