Digerindo passos, desgastando os comeres fora de horas sem tempos marcados e a aceleração do meu andar travado na trela invisível de um francês que caminha com um menir às costas desenhado pelos meus olhos, porquê as mãos em concha amparando o nada, cicia-me des mots, apuro o ouvido.
Como falam alto [todos], música, passos largos de tanta gente e até o português que nos faz trio conversa num francês perfeito mas em gritos que se conjugam fantasticamente com as manchas de pessoas que tingem o espaço quadrado.
Sinto-me presa.
O meu companheiro luso sacode o braço como se agradecesse a honra de duas orelhas, um rabo, gira suave nos seus olhos azuis que habitualmente o traem por germânico e em acentuação risonha resvala num espanhol terrível, ici c'est Place Mayor.
Liberto-me.
Rio sem contenção, tu rigoles, claro que rigolo, olho para esta praça enorme e sufoco de riso, vejo um monumento que alugam aos pedacinhos, basta erguer o nariz e vê-los assomar às varandas em tronco nú! E debaixo das arcadas que surja a qualquer instante Depardieu, perseguido, pois isto não é o set de 1900?!
Aqui es Plaza Mayor e eu estou longe.
Maio/2014
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