Os do costume e caras novas, se bem que a realidade melhor se encaixe a traseiros novos já que todos procuram assento, ninguém deseja a violência da sacudidela por 45m, amortecedores nem pensá-los quando o guia parece desesperado à procura do buraco para medir o pneu e afoito, limpa ângulos de passeios ou desfaz curvas em recta certeira elevando o universo que transporta aos pulos.
Conversa. Daqui e dali. Tagarela-se e guincha-se, ri-se e limpa-se o salão enquanto um outro masca um pão doente amanhecido pelo despertar de um congelador amortalhado em papel prata. Viaja-se como se se esquecesse que a rua é um caminho até uma sala fechada com luz artificial a que se chama, respondendo ao telemóvel, o trabalho. Vamos todos para o trabalho.
Mas não hoje.
Hoje fomos todos para o último dia. Diziam.
Seja lá do que for. Ou do que vier. Pois que esta cápsula onde se embarca e agita quem lá entra transforma, mistura o coração com os demais orgãos e essa desorganização na correria do tempo, junta à ânsia da liberta postura, o não ter amanhã parece o melhor dia que se poderia ter.
(in As fantásticas aventuras do C782, Agosto 2014)
1 comentário:
Fiquei sem voz, a intensidade quebrou-a. Parabéns!
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