A verdade é que é um déspota. Coroam-no sem ímpar, uma festança ruidosa que se espreme em trinta minutos de fogo de artificio, muitos sacrifícios para um arrojo de luxo, bebedeiras vomitadas em arrependimento lembrado anos fora, contagem à dezena e já está.
A verdade é que fechei os olhos e ignorei. Ou apeteceu-me cortá-lo da existência e simplesmente pulverizar um pedaço sem valia. E neste fosso logo chega o outro, implacável, longo. Déspota.
Essa é a verdade.
Tanto que se anseia pelo novo que se esquece o que ele traz, tanto que se espera pela mudança que se olvida a resistência à mudança.
O frio molhado que pinga da noite para os dias curtos acorda-me na testa a altivez com que para mim se debruça. Sinto-o a olhar-me a vontade. Ficarei eu, numa verdade de olhos fechados, a sentir o peso a minguar-me o tamanho do mundo, pondero forças, medimos.
Empresto-lhe o que quer ser, abro os olhos, façamos do tempo o que ele merece.
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