É Domingo e eu não gosto. É Domingo, eu fico em casa a sentir a chuva que ameaça, espreita, espreito e ainda não molha, chumbo ao alto e na ponta do nariz aquele acidulado que se cola até ao céu da boca e sei que é chuva, não saio, vejo-a de dentro puxada pelo invisível que assobia e espanta casais apertados a golas altas de casacos tristes com ar de medo e sem palavras de amo-te a molhar orelhas ou mãos atadas a dedos de preciso-te, praquejo e chamo a chuva, chamo-lhes domingueiros, tenho-lhes a pena dos dias pastosos que fogem da chuva que chamo na evasão do baptismo da dor da vida, nunca hão-de saber o que é o sol e a sombra e a sede e a boca aberta a beber pingas engrossadas de um céu abençoado de Domingo. É Domingo e tudo o que me sobra são reflexos de linhas de um caderno molhado a memórias de outras chuvas.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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