À medida que me empurras para o outro lado e te escondes fechando a existência da minha margem alargando medidas como se mar foras, a saudade de me deixar metade de lá aumenta, um pouso incerto por o não ver nos olhos, a essência do sentir chumbado no peito.
Por todo o dia hei-de procurar-te como sinal de estrada onde se regressa a casa e acha caminho, uma aflição se te encontro ainda embrumado e sem tempo de me levares - porque não me queres? - a mão em pala se o sol contigo em parcería mesmo a pino de Janeiro, cegam o sentido do Sul - o meu Norte prometido - e brincam a platinar o meu dedo apontado além.
Já noitinha, acendes um sorriso de luzes para me guiar - pirilampos do Tejo - fecho os olhos, sigo de frente para a minha margem, um leve dormitar, não sei se sonhei. Achei que te fechavas para ninguém saber de ti, só eu, só eu e esta saudade.
(in Olhar com vista sobre o Rio, 2012)
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