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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Casablanca VI




Medina. Mercado velho. Palácio abandonado, outro erguido, assim Hassan vai lembrando onde está e onde passou, não interessa se ele o primeiro ou o segundo ou outros que virão de mesmo nome.
Eu sem nome, apenas turista onde não me olham com mais motivo do que uma moeda, não me procuram nem agarram ao contrário do que me havíam dito, deixam que seja eu a interessar-me. Dizem em francês que o que têm é valioso e único, Madame venez voir, mas Madame vê as cores, os cheiros, e as faces riscadas de rugas misteriosas e nos disparos que tenta guardar como especiais todos se escondem ou fogem.
Envergonho-me do meu saco de plástico a tilintar nas pulseiras marteladas na mentira pobre de não ter mais Dirhams. Aceitam cartão de crédito. Enfeitam-me com lenços de seda e sorriem com fileiras de dentes brancos que se tornam mais brancos na tez noz-moscada. Madame é francesa, não, e de seguida falam em inglês, mantenho a negativa e falo de Portugal, um grande A e disparam para falar de cromos de futebol, do Chico Fininho. Cantam. O vizinho do lado vem meter-se. E outro.
Deixo-os a rir num árabe onde apenas me é perceptível sons arranhados.
Não muito longe o altifalante emite o chamamento aos fiéis.
 
 

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