Porque hoje é dia primeiro e até se conjuga com o descanso, podería atrever-me a pôr um vestido branco e passear à beira-mar de sapatos na mão e óculos escuros enquanto a aragem molhada me salgasse os cigarros enrolados e eu perdida no horizonte sem azul nem cinza, tentaría descobrir iludida pelo calor um barco a remos para me levar.
Mas o calor atormenta-me, exaspera-me quando em demasia, dobra-me em papas quando o mercúrio enlouquece e assim sendo, afoita, pus o vestido, fui até à minha secretária, abri o caderno e arrisquei um poema sobre o mar.
Sabes mar,
Ja te bebi de goles tanto
Tanto amar verti em pranto
Sal, Sol, Cinza e Branco
Que chorar não quero mais,
Só olhar e entender
Porque amar é só perder se o mar
É largo e tanto
Tanto querer, tanto mar para dizer que não há nada melhor para fazer num Domingo lindo do que vestir um vestido sem cor e chorar penas e dores para cantar poesias torcidas de paixão que bem poderíam ensopar noites de angústia a donzelas do século XIX??? Haja dó de quem escreve!
Não vou permitir uma coisa destas!
Dá cá a caneta!
É minha e a tinta que a enche fui eu que a comprei, e a mão que desenha a letra pertence ao meu corpo!
Era só o que faltava!
Cá vou eu!
Julho: O Mês é MEU!!!
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