
Admirável mundo novo. Longe da visão redutora de Huxley, as novas tecnologias estão aí para nos servir, dar prazer, aumentar o conhecimento e propagar a nossa voz junto de culturas do outro lado do mapa. Encurtar distâncias e aproximar mentalidades à discussão – para lá do óbvio - tornou-se um gesto tão natural na comunicação como o acto de tocar um interruptor e esperar que se faça luz. É neste achamento que nos sentimos na grande aldeia global, participativos de uma vontade de aperfeiçoamento quer quanto à ideia do “homem bom” quer à antecipação da falência do corpo: a máquina ao serviço da humanidade. A divulgação das artes, a recuperação da história, o avanço da medicina, a redução do analfabetismo serão apenas uma ínfima parte do que a tecnologia serve. Admirável outro mundo. Aquele que nos adentra todos os dias. Talvez que a droga de Aldous Huxley deste nosso “outro” mundo tecnológico, mais não seja do que o incontornável perigo da modernidade, uma factura a respeitar pelo gozo usufruído: as nossas crianças estão mais gordas, a população clona-se num faz-de-conta, adia-se o falar no discurso directo presencial, os olhos nos olhos evitam-se, dispensam-se. Como tudo, não serão estas facilidades tecnológicas motivo de fundamentalismos: quer-se bom senso, correcto uso. A expectativa ainda agora se começou a escrever.
4 comentários:
Com uma palavra: perfeito.
Com mil beijocas, saudades.
eu diria....
sim
Vivemos nele - e é muito mais tenebroso do que Huxley imaginou...
A culpa nunca é das ferramentas, só de quem as utiliza!
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