Chovia. Telefonou-me. Disse que não quería ser ele, quería ser a nostalgia de ter sido o que sempre desejara ser e já não podía. Falei-lhe de mim. Roubei-lhe a nostalgia. Ele não me ouviu. Falou da saudade de menino e das contrariedades da vida, não ía a tempo, perdera tempo, o tempo era o demo e ajoelhou-se. Ajoelhei. Obriguei-o a erguer-se e a achar a ínfima particula de pó de oiro no sonho vivo. Não se encantou. A realidade vergou-o. Dei comigo a apanhar restos. Não sei se dele se meus. Chovía. Chamaram-me para eu saír de tanta água.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
9 comentários:
Pois bem, Raiz da Palavra, pulsas deste lado do oceano.
Tens boca articulada, ouvido apurado, olhos de ver doçura ou acidez, coração de bater suave ou em fúria.
E ainda carregas o Sol nas costas... Por isso chamam-te quando chove.
Beijocas.
Querida Gasolina
Magnífico texto. Penso na minha modesta opinião que mesmo com essas partículas mínimas estamos sempre a tempo de construir o encantamento.
Mil beijinhos.
Olhe, minha filha, eu gosto muito de chuva mas ela não é das melhores conselheiras. E a última que apanhei, já lá vão uns meses, fez-me cair à cama por alguns dias.
E olhe, minha filha, se ele se ajoelhou aproveite, mas não se ajoelhe também. Temos que manter alguma superioridade sempre que possível. Não se rebaixe. Olhe que se a aconselho é com experiênvia própria.
Adeusinho.
Nini
Embrenhei-me em dez batidas do coração....
Vivi-os como caminhos de sentires, mundos de almas....
Desejos de nostalgia...
Barco tardio que naufragou
No sonho que jaz sem vida
E que com a amizade chorou.
É triste quando abrimos a gaveta dos sonhos e, deles só restam cacos...
Um abraço e parabéns ao ritmo da emoção!
Cheguei aqui pelos caminhos rotineiros: um link chamou minha atenção pelo título que se apresentava. Vim para cá e quando chego encontro esse "bater do coração". Precisei parar, respirar, ler tudo com calma e rasgar-me, sim, em saudades. Coisa boa de sentir, de me atrever, de deixar fluir. Que passeio pela pele enamorada de sensações diversas. Como é bom se perder assim e ter a certeza de que se encontrou. Grazie carissima...
Como se a chuva lavasse e as mãos das nuvens ensaboassem o coração...
Bjinhos
Eu diria que descreveu à perfeição desencontros... da vida e da alma!
A mim roubaram-me a carteira. Ia cheia de notas e memorandos, retalhos de uma vida...
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