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segunda-feira, 10 de maio de 2010

O bater do coração (dez)

Chovia. Telefonou-me. Disse que não quería ser ele, quería ser a nostalgia de ter sido o que sempre desejara ser e já não podía. Falei-lhe de mim. Roubei-lhe a nostalgia. Ele não me ouviu. Falou da saudade de menino e das contrariedades da vida, não ía a tempo, perdera tempo, o tempo era o demo e ajoelhou-se. Ajoelhei. Obriguei-o a erguer-se e a achar a ínfima particula de pó de oiro no sonho vivo. Não se encantou. A realidade vergou-o. Dei comigo a apanhar restos. Não sei se dele se meus. Chovía. Chamaram-me para eu saír de tanta água.

9 comentários:

tiaselma.com disse...

Pois bem, Raiz da Palavra, pulsas deste lado do oceano.
Tens boca articulada, ouvido apurado, olhos de ver doçura ou acidez, coração de bater suave ou em fúria.
E ainda carregas o Sol nas costas... Por isso chamam-te quando chove.

Beijocas.

Vicktor Reis disse...

Querida Gasolina

Magnífico texto. Penso na minha modesta opinião que mesmo com essas partículas mínimas estamos sempre a tempo de construir o encantamento.

Mil beijinhos.

casa de passe disse...

Olhe, minha filha, eu gosto muito de chuva mas ela não é das melhores conselheiras. E a última que apanhei, já lá vão uns meses, fez-me cair à cama por alguns dias.
E olhe, minha filha, se ele se ajoelhou aproveite, mas não se ajoelhe também. Temos que manter alguma superioridade sempre que possível. Não se rebaixe. Olhe que se a aconselho é com experiênvia própria.

Adeusinho.


Nini

MagyMay disse...

Embrenhei-me em dez batidas do coração....
Vivi-os como caminhos de sentires, mundos de almas....

CamilaSB disse...

Desejos de nostalgia...
Barco tardio que naufragou
No sonho que jaz sem vida
E que com a amizade chorou.

É triste quando abrimos a gaveta dos sonhos e, deles só restam cacos...

Um abraço e parabéns ao ritmo da emoção!

Lunna Guedes disse...

Cheguei aqui pelos caminhos rotineiros: um link chamou minha atenção pelo título que se apresentava. Vim para cá e quando chego encontro esse "bater do coração". Precisei parar, respirar, ler tudo com calma e rasgar-me, sim, em saudades. Coisa boa de sentir, de me atrever, de deixar fluir. Que passeio pela pele enamorada de sensações diversas. Como é bom se perder assim e ter a certeza de que se encontrou. Grazie carissima...

Alis disse...

Como se a chuva lavasse e as mãos das nuvens ensaboassem o coração...
Bjinhos

jardinsdeLaura disse...

Eu diria que descreveu à perfeição desencontros... da vida e da alma!

Rui Fernandes disse...

A mim roubaram-me a carteira. Ia cheia de notas e memorandos, retalhos de uma vida...