Não está lá ninguém, já não está lá ninguém e ainda assim não consigo deixar de abrandar os passos que ainda à coisa de segundos eram meus escravos e obedecíam à razão. Perco a razão todas as vezes que sinto o cheiro do caminho que passa perto daquela porta que foi batida tantas vezes por mim, não está lá ninguém, tento ver a janela, a cortina a apertar-se na mão forte e grande dele, ou os vidros a encandearem o Sol já baixo e por isso não posso ter a certeza que de não esteja lá ninguém. Mas não está, é o peito que mo diz na falta de ar. Não está lá ninguém e prossigo devagar, tem de estar, não está certo que não esteja ninguém comigo tão perto, basta bater à porta, assobiar e esperar que assome à janela, ele, ele à janela a dizer que eu suba. Apuro o ouvido, tão pouco me chega o meu nome, não há voz, não há silêncio que me permita escutá-lo, não há ninguém. Há cinco anos que espero avistá-lo cada vez que por ali passo e que sei que não está ninguém.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
2 comentários:
Querida Gasolina
Que bonito texto sobre uma procura constante na certeza de que não encontraremos o procurado...
E por que não?
Beijinhos.
todos temos o nosso d. sebastião
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