Alojaram-se num hotel com vista para a baía de Cascais. Maria da Luz ocupava o seu tempo entre bordados e o peitoril da varanda. Embevecía-se com o pôr-do-sol e deixava a imaginação fluír e arrastar-se como o astro, até se esconder na linha do horizonte e entrar na noite. Era quando ouvía Alberto chamá-la para dentro. Achava então, que despertava de um sonho lindo e que a sua realidade de esposa e mãe eram tão pouco perante a grandiosidade do mar a receber o final do dia.
Suspirava.
Enquanto se preparava para descerem para o restaurante, em frente ao espelho compondo o cabelo que ondulara pela aragem maritima, recordava o seu caderno e quanto fora leviana ao dispensar os seus versos simples, e até mesmo o seu diário.
Sentía saudades de casa, da segurança do seu quarto, dos seus cigarros enrolados em mão trémula quando o pensamento lhe escapava para outras latitudes.
Agora entendía-se.
Percebía em si o gosto da partida e o quanto desejava conhecer mundo. Imaginava-se de mão dada com Rosmaninho a bordo de um grande navio, o chapéu de abas largas com fita a condizer com o vestido vermelho de bolinhas brancas. Tudo a esvoaçar como uma imagem que de si mesma assistisse. Interrogava-se porque não vía os gémeos e o marido a seu lado nessa viagem.
Entristecía-se.
A vida que parecía invejável aos olhos dos outros era uma âncora na sua.
- Não fiques assim triste Maria da Luz. Daqui a nada voltaremos a AM'art e verás como está linda!
Mas Alberto não a sossegava, só ouvía as ondas do mar.
Suspirava.
Enquanto se preparava para descerem para o restaurante, em frente ao espelho compondo o cabelo que ondulara pela aragem maritima, recordava o seu caderno e quanto fora leviana ao dispensar os seus versos simples, e até mesmo o seu diário.
Sentía saudades de casa, da segurança do seu quarto, dos seus cigarros enrolados em mão trémula quando o pensamento lhe escapava para outras latitudes.
Agora entendía-se.
Percebía em si o gosto da partida e o quanto desejava conhecer mundo. Imaginava-se de mão dada com Rosmaninho a bordo de um grande navio, o chapéu de abas largas com fita a condizer com o vestido vermelho de bolinhas brancas. Tudo a esvoaçar como uma imagem que de si mesma assistisse. Interrogava-se porque não vía os gémeos e o marido a seu lado nessa viagem.
Entristecía-se.
A vida que parecía invejável aos olhos dos outros era uma âncora na sua.
- Não fiques assim triste Maria da Luz. Daqui a nada voltaremos a AM'art e verás como está linda!
Mas Alberto não a sossegava, só ouvía as ondas do mar.
(in A casa de AM'art, eu como Sant'Ana - Abril/2008)
9 comentários:
O mar, apesar da sua turbulência, ainda assim faz milagres.
Amo o mar.
Abraço grande.
Ah, as ondas do mar, as partidas, o cais... Amo essa imagem e viajei com a Maria. De tanta luz por acender...
Beijocas bordadas por palavras.
Tchi,
Pois faz.
Basta pensar o teu mar de cores, de alma.
Um beijo para o teu mundo.
Selma,
Uma Maria da Luz dos anos 40 do séc.passado. Mas que de tantas ainda há hoje o sofrer.
Beijo.
Com ares de mar e ares de rio. Tenho os dois à minha beira, vivo-os.
Ai o mar. Eu não podia viver num sítio que não tivesse mar.
Obrigada por este nico de mar que nos deste, sim?
Consegues sempre que visualize a cena... isso é dom.
um beijo
BF
Laura,
Nem eu.
Tenho tido ao longo da minha vida os rios. Mas também os mares. Sempre as águas a alimentarem-me os olhos.
Beijo Querida Laura
Papoila,
Obrigado.
Um dia destes "abro" o Casa de AM'art para quem quiser ler toda a história de Maria da Luz e Rosmaninho.
Pena os roubos, sempre a infâmia...
Um beijo imenso Papoila dos Girassóis
obrigada por este reencontro com uma grande história!
beijo
marisa
Enviar um comentário