Chove, água de Junho, vem fresca à terra enrugada aliviar-me as saudades até ao tempo certo dela, tempo demasiado para voltar a senti-la molhar-me na cara a bonomia infante, os sons dos avisos, foge das poças, as lágrimas dos esfolões no joelho mal sarado da última queda.
Fico aqui. Muito parada a olhar o tecto do quarto enquanto as pingas cantam no metal do varandim e engrossam estaladas nas folhas das árvores ajoujadas de flores. Se não me mexer a chuva não vai embora. Nem o guarda-chuva vermelho que servía de equilibrio ou como medida da fundura dos lagos ovalados no passeio incerto. Fico aqui e afundo-me nas mãos junto ao peito a ouvir-me perguntar se me irei lembrar da chuva quando for grande. E porque me lembro e gosto (mais) ainda sou pequenina, ainda não sinto saudades.
16 comentários:
gosto da chuva quando estou em casa. de resto... não
E eu ia pequenina brincar à chuva. Ainda brinco, assim como tu, metida em 4 paredes, com 40 anos e com 4 anos...
Não tenho o que comentar do seu texto tão forte e verdadeiro. Só queria dizer que sou admiradora das suas palavras.
Amém.
Sempre que olharmos a vida com olhos líricos, nossa criança estará lá. E suportaremos todos os esfolões. E a saudade virá doce como a romã madura que, ao pé da árvore, comíamos, a bicicleta deitada na grama...
Beijocas de Tia Selma.
:)
beleza na chuva de Junho :) parabéns , não é para todos...;)
teresa
Teresa,
Eu gosto de chuva sempre. Especialmente apanhar uma daquelas valentes molhas. Ou assistir a uma trovoada em pleno mar.
Mas também gosto de sol, claro que sim.
Laura,
Isso mesmo.
A chuva desta madrugada chamou-me: eu apareci, garota, a perguntar-me se gostava de chuva.
Tu sabes.
Inês,
Muito obrigado.
Mas fico um pouco constrangida por tanto elogio para tão pouco...
Muito obrigado.
Tia Selma,
Bela tela!
As romãs em Portugal aparecem no Inverno, perto de Novembro, sumarentas pelo Natal.
Que lembrança me trouxeste!
Teresa Queiroz,
Obrigado.
Vindo de quem tem palavras e palavras (Ena!)que grande responsabilidade para esta Árvore.
:~D
Querida Gasolina
Mataria minha sede eterna se bebesse uma gota a escorrer na tua pele.
Beijinhos.
Vicktor,
Como sempre o teu carinho é enorme.
Obrigado pelo verso.
Um beijo para ti, meu Amigo
Belo!
Eu gosto do cheiro da terra depois de uma grande chuvada. E também não me importo de andar à chuva.
Beijo molhado para a gasolina pequenina
marisa
Marisa,
É um gosto apanhar a chuva, sentir todos os aromas que se desprendem, sentimo-nos tão perto de uma força maior chamada Terra.
Um beijo de Tejo para ti, que abraço
Gasolina,
Qualifico esta sua prosa de altamente... poética!!!
E daqui alerto todas as "almas" sensíveis para o perigo de um enorme e forte contágio!!!
Jardins de Laura,
Olá, benvinda a esta Árvore.
Muito obrigado por tão doce elogio.
Mas um pouco além do que realmente escrevi.
Espero que o contágio se faça, porque não?
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